Writing Contest - Category Between 21 and 29 years

Between 21 and 29 years

A GUERRA DAS ESTRELAS EUROPEIA

A GUERRA DAS ESTRELAS EUROPEIA

ou A Galáxia Perfeita

 

Era uma vez uma galáxia na qual viviam 28 estrelas. Nem todas tinha ido parar ali ao mesmo tempo. Foram-se juntando pouco a pouco.

As primeiras formaram-se depois do colapso de uma nuvem gigante e para não ficarem a flutuar sozinhas no espaço e serem porventura atropeladas por uma nave espacial, criaram uma união, a EUROPA – Estrelas Unidas Radiantes Orientadas para a Paz e o Amor.

Pouco a pouco foram-se juntando outras estrelas e a união cresceu.

Todas as estrelas eram diferentes. Algumas eram maiores, outras mais pequenas. Algumas tinham-se formado há muitos anos, outras ainda eram muito jovens. Algumas giravam depressa, outras andavam muito devagar. E umas eram mais refilonas que as outras.

Mas todas elas brilhavam e iluminavam o céu de igual forma.

Todas elas defendiam os mesmos valores: apesar de diferentes, todas tinham os mesmos direitos e respeitavam-se. Nenhuma era melhor nem mandava mais que a outra. Podiam barafustar de viva voz quando não concordavam com a rota do passeio noturno. Podiam apresentar ideias e sugestões nas reuniões que se faziam em cada ano de luz. Protegiam-se umas às outras quando um vaivém espacial as queria desviar do caminho. Circulavam livremente pela galáxia, trocando palavras com os planetas que encontravam nas suas excursões.

As pessoas na Terra gostavam muito desta união pacífica de estrelas que em noites claras saltitava e dançava por cima das suas cabeças, derramando luz e paz sobre os caminhos e as almas mais escuras.

Às vezes as estrelas reuniam-se e predavam os terrestres com um belo fogo de artifício, formando figuras, juntando-se numa só esfera de fogo para depois explodirem e encherem o céu de bolinhas luminosas.

Também gostavam muito de se pendurar em cometas e desfazer-se numa gigantesca chuva de estrelas quando estes roçavam a atmosfera.

Era um verdadeiro acontecimento para os terrestres que aguardavam de binóculos e máquina fotográfica em punho para não perder nem um minuto deste espetáculo.

Parece um sonho viver numa galáxia destas, não parece?

Mas nem sempre é fácil conviver em união e harmonia, e também as estrelas um dia começaram a divergir entre si. Uma achava que, sendo a maior, devia ditar o caminho. Outra, por ser a mais antiga, achava que era a mais sábia de todas e que merecia ser tratada com supremo respeito. As mais pequenas queriam manter a sua individualidade e fazer tudo à sua maneira.

Começaram as discussões, os amuos, e uma das estrelas até decidiu abandonar a união e voltar a ser uma estrela totalmente independente.

Foi nessa altura que um pequeno grupo de terrestres, composto por jovens italianos, búlgaros, espanhóis, portugueses, romenos, polacos e macedónios, se juntaram para evitar o desmoronamento daquilo que consideravam ser o modelo mais perfeito de convivência.

Alugaram uma nave espacial e deslocaram-se ao planeta Vénus, onde normalmente decorriam as reuniões da união de estrelas.

Lá estavam elas sentadas, em pequenos grupos, algumas de costas viradas, umas em silêncio, outras a monologar sobre os mais recentes acontecimentos.

“Vocês, EUROPA, são um exemplo para todos nós!”, disseram os terrestres. “Vejam só o que conseguiram: criaram uma união de 28 estrelas, segura, pacífica e inovadora. Muitas de vocês andaram em guerra durante anos! Não obstante serem todas tão diferentes, perceberam que a união faz a força, que juntas têm muito mais a ganhar e que podem beneficiar do trabalho em parceria. Prova disso são as outras estrelas da galáxia que também se querem juntar a vós. São vocês que dão esperança à juventude porque conseguimos ver um futuro credível neste modelo que criaram.

Não estão de acordo sobre algumas matérias? Nada que um bom diálogo não resolva. E há que fazer compromissos, claro! Se cada uma for para o seu lado, voltam a ser o que eram antes: estrelas independentes, mas solitárias. E nós nunca mais teremos o céu tão luminoso e as nossas vidas ficarão mais escuras.”

Fez-se silêncio entre as estrelas. Fitaram os jovens que tinham vindo de tão longe para as convencer que aquele modelo que haviam escolhido não era o mais fácil, mas o mais positivo para toda a galáxia.

“Eles têm razão…”, disseram as estrelas em uníssono.

“Estão todos de acordo? Já é um bom começo!”, riram-se os jovens, voltaram para a nave espacial e regressaram para as suas casas.

Nessa noite, deu-se um espetáculo no céu como nunca antes visto: uma supernova.

“Acho que somos como estrelas. Alguma coisa acontece para nos fazer explodir, mas quando explodimos e achamos que estamos a morrer, estamos, na verdade, a transformar-nos numa supernova. E então, quando olhamos para nós mesmos mais uma vez, vemos que estamos subitamente mais bonitos do que jamais fomos antes.”

- C. JoyBell C.

Joana Pereira, Portugal, 25 years